Solitude

Hoje é um daqueles dias em que me divido entre o que quero, o que sinto, o que penso, me voltando pra dentro de mim e não buscando nem afago e nem castigo. A solidão me incomoda mas é boa companheira. Escrevo e me consolo, tentando encontrar palavras que traduzam minha insatisfação.

Quando me vejo assim, pensar em você não me alivia, ao contrário, me deixa ainda com mais gosto de desamparo. Afinal, é tudo tão efêmero e inconstante.. Se vislumbro o que poderá ser uma vida daqui pra frente, se penso no que eventualmente acontecerá, acabo me apegando ao que tenho hoje, me agarrando a esse espaço de precário mas conhecido conforto. O novo me assusta agora. A atração pela aventura, me jogando de novo no impreciso desconhecido, nesse momento dorme.

Só queria ficar assim quietinha, como nos tempos em que criança me escondia debaixo de um móvel e lá ficava até dormir, na esperança de que sentissem minha falta e começassem a chamar meu nome. Isso nunca acontecia e eu via o quão desimportante era, então desistia e lá ia eu em busca de alguém, de um sorriso ou de um pão.

Meus momentos de solidão e a noção de mim mesma sem nada nem ninguém, só um corpo no mundo, avulso, tentando por no avesso o que nas entranhas se esconde me fere, me rala, me esfola, então me calo, e num suspiro, me esqueço. (19/04/2012)

Today is one of those days where I torn between what I want, what I feel, what I think, turning myself into me and not seeking for cuddle nor punishment. Loneliness bothers me but it is a good companion. I write and console myself, trying to find the words that reflect my dissatisfaction.

When I'm in that mood, thinking  of  You does not relieves me, on the contrary, makes me even more helpless. After all, it's all so ephemeral and fickle .. If I envision what could be a life going forward, if I think about what will eventually happen, I end up holding on to what I have today, clinging to that precarious but comfortable space. The new scares me now. The attraction for adventure, throwing me back into an inaccurate unknown sleeps now.

I just want to be quiet, as in the days when I was a kid, hidden under a mobile and staying there until falling sleep, hoping that someone missed me and started calling my name. That would never happened and I'd figure out how unimportant I was, so I would given up and would go looking for someone, for a smile or a slice of bread.

My moments of loneliness and the sense of myself without anyone or anything, just a body in the world, separated, trying to put in the inside out what lurks in the bowels hurt, grate me, skin me, so I shut up again, and with a sigh, I forget about myself. (April 19, 2012)