Vaga escrava

Escrevo sem razão, sem motivo, estímulo, inspiração. Escrevo porque  me saem as palavras pelos dedos em comunicação direta com o teclado tela você. Escrevo porque me lê, me entende, interpretando em mim o que não ouso....

No sonho sem letras me calo. Falo pra dentro, destilo dor em alegria, componho em fantasia, tirando do desejo uma falsa sintonia com o que sobra de mim. Aonde vou? Por que me escondo? Em que cela, quarto, prisão? Em que janela, porta sairei?

Sinto arrepios, a pele crispa em desalinho, sem cordas, correntes, nada que a restrinja, nada que a impeça de ser presa de si mesma. O pelo, cabelos, dobras úmidas, cheirosas mucosas, a escrava desnorteia. Sem Dono, vagueia...