Gestando

A pet, sombra do que poderá ser, engatinha na imaginação do Dono. No escuro, a cadelinha não tem medo. Pressente prazeres, dores, luxuriosos ensinamentos, estupefacientes aprendizados, enlouquecedores castigos, sua alma vagueia na bruma do silencio, quieta cadela, e sorri. Às vezes parece que O sente, sente Seu cheiro, farejando louca no ar a proximidade do Seu corpo, de Suas mãos, e da voz que suas orelhas distinguem no vento e sabe, são Dele. Ela anda em círculos, deita-se enrodilhada, focinho úmido, faminta de uso e aconchego, sedenta de leite e açoites, insana calma, alma delirante, os pelos macios emoldurando os olhos doces, olhar brilhante de excitação contida. A petzinha gane tão baixinho que só ela escuta, chamando o Dono que demora a vir. Ela não se aflige, mas não descansa. Tem o corpo preparado, o pelo macio, a pele suave por entre as coxas, ancas arredondadas e fartas, ela sonha. Seu destino desenhado, desejado, está proximo...