Dança na noite

Danço no vazio, procurando na música o alento e a calma.
O som me toma, me seduz, penetra minha alma e conduz. Submissa, descanso. Não penso no que virá...
Sorvo desse momento a liberdade e aproveito para sonhar. Deliro, rodopiando no lugar, cigana sem direção, os olhos semi-cerrados, semi-abertos para dentro de mim.
É ela, a música, que me fala do que sou e também do que não sou, me tira em arrepios as emoções guardadas, transformando em gesto palavras escondidas.
Na música, tudo é possível... Solta, sem rédeas nem guias, sem coleiras apertando, me entrego a uma dança pagã solitária, endemoniada cadela, até, exausta, cair no chão, em sôfrega agonia.
Entre louca e mansa, para mim sorrio...