Mergulho

Tenho um mar represado em mim que transborda em desejos,
Todo estrêlas, ouriços, esponjas,
Água viva, vida escondida em mistérios
Da entrega do que sou, do que tenho, penso, sinto.

Meu mar me transpassa, me fere, força as paredes finas das mucosas rubras
Procurando a praia de sossêgo,  abrigo certo,
Sem vento nem tempestade, só brisa,
Com luar se derramando em areia branca fina e calma nordestina.

Tenho um mar represado, selvagem, indômito, voraz,
De ondas revoltas, gigantescas, poderosas,
Tsunami de emoções, de sensações soltas tontas tantas
Que nenhum barco, navio, embarcação que fosse,
O poderia navegar...

Tenho um mar em mim que me atravessa,
Um mar vermelho como o que Moisés dividiu
Deixando passar o povo de Deus em fuga.

Tenho esse mar...
Ele se confunde com o que sou,
Sou ele, o tenho em mim, ele me tem...
Um mar de águas transparentes, profundamente escuras,
Infinitamente densas,
Indomáveis águas.