Quando penso - When I think...

Quando penso que não, lá vem de novo o desespero... E me perco no limbo, no espaço vazio entre mim e o resto de mim. Sem rumo, esbarro em retalhos, obscuros furos no peito e na nuca.
Quando penso que sabia, me engano. Tropeço nos murmúrios, nas mazelas, nos infortúnios, sem eira nem beira de lama e cal, me perco no vento da monotonia, no monocórdico som do meu coração partido.
Quando penso que nada, afundo e me afogo. Mergulho sem ar, me agarrando nas tripas de um sobrevivente marinho que me puxa e sacode, e me explode moída.
Quando penso que sonho, acordo em dor. Supunha tocar estrelas, rabo de cometa me tragou. Incandescente e nua, voei no abismo, derreti em lava, me agreguei ao magma, em fogo me tornei.
Quando penso que vivo, esqueço do cuidado, me atiro no escuro, me firo, soluço, derrapo na escada, e caio de bruço.
Quando penso que penso, desisto... então, sinto.


When I think not, then comes again the despair. And I get lost in the limbo, in the empty space between me and the rest of me. Without direction, I dash against the patches, dark holes in my chest and neck.
When I think I knew, I deceive myself. Stumbling in whispers, in afflictions, in misfortune, without a penny of mud and lime, I get lost in the wind of the monotony, in the monotone sound of my broken heart.
When I think of nothing, I sink and drown. Diving with no air, I grabb in the guts of a surviving marine who pulls me and shakes, and explodes me ground.
When Ithink I dream, I wake in pain. Supposed to touch the stars, comet tail engulfed me. Incandescent and naked, flew into the abyss, melted in lava, aggregated to the magma, and became on fire.
When I think I live, I forget the care, I shoot me in the dark, hurt myself, hiccup, skidded on the ladder, and fall on my face.
When I think I think, I give up ... Then I feel it...